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Condições socioambientais de João Pessoa favorecem ao Aedes aegypti, diz pesquisa

Bairros de Mangabeira, Cruz das Armas e Alto do Mateus apresentam condições mais favoráveis à proliferação do mosquito, segundo estudo feito pela UFPB

30/06/2022 15h08 1316

Foto: Pixabay

Um estudo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) mostra que a cidade de João Pessoa tem condições socioambientais favoráveis ao Aedes aegypti, mosquito originário de zonas tropicais e subtropicais e transmissor de diferentes doenças aos seres humanos, a exemplo de dengue, zika e chikungunya.

A predisposição microclimática influencia na reprodução do mosquito. Os resultados da pesquisa demonstram que os bairros de Mangabeira, Cruz das Armas e Alto do Mateus são os que apresentam condições mais favoráveis à proliferação do mosquito devido a fatores como densidade demográfica, nível educacional, renda média por domicílios, abastecimento de água, tratamento de esgoto e coleta de resíduos.

No entanto, durante o estudo, realizado em 2018, a infestação do mosquito se deu, principalmente, em Manaíra e no Castelo Branco, além de no Alto do Mateus, no mês de julho, por conta da presença de recipientes/depósitos e de armazenamento de água para consumo humano nessas regiões. As notificações de dengue e chikungunya tiveram picos em maio e junho daquele ano.

“Em João Pessoa, o ciclo de vida do Aedes aegypti (reprodução, eclosão e disseminação) ocorrem principalmente em março, na interfase do período seco para o chuvoso. A incidência dos casos de dengue e chikungunya é complexa e multifatorial”, explica Anne Freitas, autora do estudo e egressa do curso de doutorado do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da UFPB.

Segundo a pesquisadora, entre os principais aspectos para incidência de arboviroses, estão ecologia, microclima, epidemiologia, transporte/movimentação de mercadorias e pessoas e condições sociais e urbanas.

Especificamente, as condições microclimáticas positivas para fecundidade, fertilidade e sobrevivência do Aedes aegypti são temperatura entre 25°C e 30 °C, umidade entre 60% e 80% e precipitação até 267 milímetros. Já as razões socioeconômicas fundamentais são densidade demográfica, nível educacional e renda, abastecimento de água, tratamento de efluentes e coleta de resíduos.

“Levando em consideração que a duração mínima do ciclo de vida da fêmea do Aedes aegypti é de até 58 dias e que o pico de notificações em João Pessoa, em 2018, aconteceu em maio, o mosquito se reproduziu e passou pelos estágios de desenvolvimento (ovo-larva-pupa-adulto) em março e, posteriormente, realizou hematofagia, nome dado nas Ciências Biológicas à alimentação com o sangue de outro animal. É durante esse hábito que vírus são transmitidos aos seres humanos, com aparecimento dos primeiros sintomas em maio”, esclarece a pesquisadora da UFPB.

Anne Freitas ressalta que o vetor de arboviroses reproduziu e se desenvolveu, em João Pessoa, em temperatura média de 29,9 °C, umidade média de 72,5% e precipitação média de 85,2mm. “A temperatura entre 25 °C e 30 °C e umidade entre 60% e 80% são fatores positivos para fecundidade, fertilidade e sobrevivência do mosquito e, consequentemente, para as doenças por ele transmitidas”, reforça.

Números

De acordo com o Boletim Epidemiológico n° 6 da Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba, referente a arboviroses e publicado em 30 de maio de 2022, foram registrados mais de 300 casos e um óbito por arboviroses neste ano, em João Pessoa, até agora.

No Estado, são 13.568 casos prováveis de dengue, 9.332 de chikungunya e 375 de zika, totalizando 23.275 casos prováveis e 20 óbitos suspeitos de arboviroses.

Fonte: Portal Correio

30/06/2022 15h08 1316