Uma pesquisa, realizada esse ano pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP, teve como objetivo conhecer mais sobre a saúde do trabalhador da área de enfermagem. O estudo foi conduzido no Hospital Getúlio Vargas, no Piauí.
Segundo a pesquisadora responsável, Márcia Teles Gouveia, apesar de se tratar de um estudo regional, dados como sexo, idade e categoria profissional podem ser comparáveis aos dos outros estados do país.
O perfil do enfermeiro traçado pela pesquisa revelou que a formação técnica é predominante, assim como o sexo feminino dos profissionais. A idade média dos enfermeiros é de 44,4 anos, e a maioria deles, representada por 69,7%, trabalha uma carga horária de até 30 horas semanais.
A pesquisa sobre a saúde do trabalhador foi conduzida com 145 entrevistados, entre eles enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. A primeira fase do estudo analisou os fatores de risco do ambiente, além dos problemas de saúde dos profissionais. Sua segunda fase, avaliou os sintomas de estresse e mediu em amostras dos indivíduos o nível de cortisol, conhecido como o hormônio do estresse.
Uma das maiores preocupações dos pesquisadores, o estresse, foi detectado juntamente com a depressão, representando 41,4% dos entrevistados. Segundo o estudo, 44,1% dos indivíduos possuem mais do que um vínculo empregatício, e isso pode ser um fator relacionado aos problemas de saúde do trabalhador da área de enfermagem. A pesquisa descobriu ainda que os profissionais do setor que cumprem mais do que 30 horas semanais possuem mais chances de desenvolver problemas com estresse
A pesquisadora Márcia Teles Gouveia disse também que a saúde do trabalhador pode sofrer com a responsabilidade pelos cuidados diretos dos pacientes, sendo eles expostos a riscos biológicos, químicos, físicos e mecânicos. “Com isso, eles convivem com processos de dor, morte, sofrimento e limitações técnicas e materiais”, completou ela.
O estudo ainda traçou os problemas de saúde do trabalhador da área de enfermagem mais frequentes. Segundo a pesquisa, as doenças mais comuns além do estresse e depressão são varizes (56,5%), lombalgias (46,9%), e lesões por acidentes (32,4%). Outros problemas com relação à saúde do trabalhador foram apontados, como as chances de contrair infecções, que representa 77,2%, as lesões por materiais cortantes, que totalizam 55,9% e os riscos de sobrecarga de trabalho, contabilizando 53,8% dos entrevistados.
Fonte: Saúde Business